Ventos apocalíticos
Saindo das minhas [grandes] orelhas
Vindo do centro do céu
da janela do carro
ou da hélice do ventilador
Não sei de onde tudo vêm
nem pra onde vai
Mas ventam de todos os lugares
Pra todos os horizontes
Visíveis ou não
Ouço uma palavra doce
Sinto um tapa na fuça
Minha mão sendo agarrada
e levada pra janela
Curto os segundos
o vento na cara...
Vindo do chão
Reto
Resistindo inutilmente
Como um prêmio
pela coragem
Curto a demora dos segundos
passando como horas
Curto a viagem de alguns metros
que parecem quilômetros
Infinitos
Como uma condenação
pela covardia
Escuro
Tá tudo escuro!