sábado, 24 de novembro de 2012

Contradição

Do que me adianta agora
os ponteiro se acertarem
as rotas se aprumarem
e os sonhos se alinharem 

Vale alguma coisa
chutar num gol
depois do apito final?

Pra que tentar acender o fogo 
com a chuva já rolando?
Se lançar ao mar
já seco pelo ferrenho sol escaldante?

Por que regar as flores de plástico?
Mudar o curso da história?
Aceitar aos gritos
O que os sussurros não foram capazes?



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Compêndio

Olhando a noite fechada
e enxergando o nascer do sol
Num dia qualquer
Num dia distante e talvez inexistente

Tal como areia movediça
Sugam minhas energias
Todos seus olhares
Embriagam minha vil segurança
Cada tola resposta não dada

Faltam adjetivos
pra descrever os substantivos
que substituem-se
em cada ciclo do sol

Sobram dúvidas
Sobre uma ponte rompida
Sobram sonhos
Voando nas suas asas
Hoje tão próximas
Ontem vez tão distantes

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Esquina

Parado numa esquina
Olhando os transeuntes
Que vão ou não
Que param ou correm

Uma esquina
Ângulo reto
Nem tão reto
Nem tão certo

Esquina que passa
Que chega novamente
Se repete
Vem e volta
Vai e fica
Chega e some

Esquina
Chegando ao montes
A cada tic do relógio
Saindo ao berros
A cada pálpebra que se fecha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mira

Tua balança
Teu martelo
Pendem pra apenas um lado

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Na ponta do iceberg
Toda a maldade dos atos
Enquanto no fundo do mar
Outro mal é esquecido

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Se isso te faz bem
Largue-se nas minhas largas costas.
Passe o teu peso apenas pro meu lado.

E...
Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Olhe apenas prum lado
Pra um falso conforto
E continue
a não subir a montanha
a não aprofundar o pensar

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.
Mire...