terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Flertando entre o presente e o passado
Com passos hora em firme solo
Hora em quente areia
Perdidos em tudo
Entre todas as coisas mutáveis
Como carros rápidos demais
Que correm, apenas correm
Numa estrada desconhecida
Que permaneçamos estáticos!
Andando de mãos dadas, estáticos!


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Me fiz sentinela
de teu sono
Guardando o silêncio
pra calmaria da noite

Protegi teus sonhos
pra que corressem livres
pela estradas do inconsciente

Esperei que passassem as horas
pra outras horas nos juntar
Preu sentir na pele
teu calor
Preu cuidar de novo de ti
de teus sonhos

Sentinela sou
Pois sinto nela
parte do tudo
peça de quebra-cabeça

sábado, 26 de outubro de 2013

Multiplicamos

Vem
Multiplicamos
Por que a vida não é subtração
Por que nada deve excluir o que tem de ser escrito

Vem
Multiplicamos
Por que o mundo a gente desenha
Por que nosso mundo é só nosso
É nosso rabisco...

Vem
Multiplicamos
Por que nosso desenho não é exclusivo
Por que o "nosso" pode ser de quem quiser

Vem
Multiplicamos
Porque subtrair é perder
Por que o mundo é adição

Vem
Multiplicamos
Por que egoísmo é do contra
Por que sentir é a favor

Vem
Multiplicamos
Por que sem egoísmo tudo mais leve
Por que desapego é viver
Por que o que sinto é viver
Por que não quero subtrair sentimentos
Por que...
Não há explicação.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Derrota

Perco pra mim mesmo
No luta constante pelo prumo
Aqui no escuro
Na nudez que só paredes enxergam
Perco no grito
Perco com o gato
Perco satisfeito
Perco feliz
Como quem perde o emprego
Mas ganha um mundo de liberdade
Porque perder nem sempre é ruim!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Risca de giz

As palavras mentem
Mesmo os versos mais lindos
O prazer mente
deixa lacunas
E arde,
como sal em ferida carne viva

As palavras se apagam
como giz em quadro negro
...sempre escrevo com giz

Desenho a giz
planos e histórias
Pinto desejos e tristezas
Com giz,
sempre com giz
Como sempre fiz
Tudo e nada no mesmo instante
Mutável certeza
Equilíbrio constante

No chão em que piso
Ficam os rastros de giz
Pra alguém me encontrar
Ou pra pra riscar uma nova linha



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sim e não
Sol e lua
Noite e dia
Mar e céu
Grito e silêncio
Tudo e nada
Certeza e dúvida
Força e silêncio
Luz e escuro
Nobre e comum
Ao mesmo tempo
Em tempo nenhum
Misturado
Lutando por espaço
Como o sol empurrando a noite
Que resiste e imortaliza-se o breu..
..que se se dissolve e perpetua-se a luz..
..que nada ilumina





segunda-feira, 29 de julho de 2013

Palavras são
...só palavras!
Sempre só palavras
Nunca sentimentos
Nunca atitudes
Nunca abraços
Nunca paixão
Sempre palavras.

minha primeira besteira escrita no meu
novo quadrinho de besteiras.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Empatia

E quando a terra derreter
em arreia movediça?
E quando as cores ficarem opacas?
E quando os sonhos acordarem
em apenas sonhos?
E quando a luz não iluminar?
E quando os óculos não corrigirem?
E quando a linha desaparecer?
E quando a lapiseira não riscar?
E quando a tinta acabar?
E quando o álcool evaporar?
E quando o futuro der a volta?
E quando o passado voltar?
E quando o vento não carregar?
E quando a corrente não mais prender?
E quando tudo for nada?
...
E quando o 'quando' tornar-se agora?

sábado, 29 de junho de 2013

Exclamação!

Compartilhando o mesmo ar
uma ponte de saliva
junta nossos sonhos alados
Marcas roxas
escrevem na pele
a memória dos sentidos
Que como em areia movediça
se enterram em interrogações
Que como em chão de rocha
se impõem em exclamações!




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bodas de cinzas


Que no dia de meu suicídio
Já com meia faca fincada em meio pescoço
Ou no meio do vôo pelos ares
Eu não me arrependa e tente voltar
Batendo assas que não existem
Estancando sangue que brota de todo lugar

Sei que em meu velório
Comemoração da hipocrisia
Algumas pessoas vão chorar
Ao invés de, enquanto vivia
Terrem sorrido comigo
Acariciarão minha face gelada
Talvez com pena
Talvez com pesar e arrependimento
Por não terem feito isso
Enquanto ela ainda quente estava

Dali uns dias, anos
Entre uns drinks e palavras vãs
Pode ser que eu seja lembrado
Por uma frase feita
Ou por uma ideia desferida
Por um beijo não dado
Ou uma noite bem vivida
Por um olhar penetrante
Por um cine-pôr compartilhado
Por buscar um mundo melhor
Por ter morrido frustrado
Mas ainda com brilho no olhar
Se lembrado for
Serei um cadáver sorridente


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Alheio a tudo
Até que eu queria estar.
Não enxergar nada além
Ao fixar um ponto no olhar.

Até tento
Com bastante força
Mirar só pro meu espelho
Num lapso de egoismo sem fim
Mas meu espelho reverbera mais que meu reflexo.

Até tento
Com bastante força
Me esconder de tudo
Mas meus tijolos
São bolhas de sabão
Mas minhas correntes
são espuma de carnaval

Nessa, tento me livrar da prisão
Prisão? Meu cadafalso sou eu
Eu, prisioneiro de mim mesmo
Condenado por mim mesmo
Livre por mim mesmo.

Contraditório não? Preso por mim, livre por mim. Mas é isso ai...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O dia que não vivi

Não sonhei
Não olhei
Não senti
Não cheirei
Não chorei
Não nasci
Não morri
Não acordei
Não dormi
Não pensei
Não recebi
Não doei
Não odiei
Não amei
Não sorri
Não berrei
No dia em que não vivi
Não respirei
O tempo não existiu
Nem me mexi
Mas tudo passou tão rápido
O dia passou tão rápido
Tudo passou
passou
Sem eu ter vivido

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Perdão

Relendo um livro antigo,
presente sincero,
recebido de pessoa querida
Me dei conta que certa vez,
rasguei a página da dedicatória,
num dia desses que agente deve esquecer,
tomado por uma cólera sem fim.

Me arrependo até o último fio de cabelo
me abraça agora uma cólera ainda maior
um arrependimento insuperável
Por tentar apagar os lindos momentos vividos
Os nobres sentimentos compartilhados

Que essas breves linhas
Escancarem  toda minha vergonha
Todo o meu asco por mim mesmo
Por tentar esconder um sentimento tão belo
Que não vingou, não deu frutos, é verdade
Mas que está guardado, ali no canto escuro
Junto com todas as outras coisas proibidas
Como uma lembrança doce de um passado belo.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Beatrice

Você vive na minha imaginação
Mesmo eu não tendo imaginação
Você é fruto de mim mesmo
Mesmo que eu não seja ninguém
Você é tudo
Mesmo quando o tudo é nada
Você é minha criação
Mesmo que eu nunca tenha criado nada
Você é meu maior objetivo
Mesmo quando não tenho objetivos
Você existe!
Mesmo não existindo existência alguma.

sábado, 2 de março de 2013

Som negro da caixa vazia de minha cabeça com cheiro de álcool evaporado e sabor de abacate com limão

É um quebra-cabeças
Que se joga ao chão
Pra torná-lo a montar
Igual ao que era
Diferente do que sempre foi

Poderia ser um muro
Um teatro mágico
Um bafo de fumaça
Um porão de adrenalina e suor
Que escorre das mãos sangrentas
De tanto socar, quebrar
Arrancar a força 
O que se tem de mais íntimo.

Pode ser o que agente quer que seja...

Pra mim,
É um quebra-cabeça
Apesar do charme do clube
Da beleza da metáfora do teatro
E dos belos e convincentes discursos

Logo,
Prefiro fazer como Aureliano
Desmontar e montar o quebra-cabeças
Eternamente e a todo o tempo
Encontar no final sempre e nunca o mesmo desenho
Sempre a mesma imagem 
Nunca a mesma imagem


Resquícios da noite passada, que não deveria ter acabado, 
que ainda não acabou, que nunca vai acabar



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Oferta

Te ofereço meu braço
pra tu usar como travesseiro
Meus sonhos
pra que sirvam de alento
Minha mão
pra que use como escudo
Minha pele
pra te acalmar a raiva
Meu cabelo
pra passar o tédio
Meus olhos
pra que tu faça um espelho
Minha língua
pra saciar  a voracidade
Minha boca
que tu pare no tempo
Meu sexo
pra que alcance o exctase pontual
Meus pés
pra misturar com as poeiras dos seus
Minhas cicatrizes
pra que costures o futuro
Meu coração
pra que tu faça o que bem entender.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sendo eu mesmo

Ser eu mesmo
Difícil por si só
Por ser
Quase impossível saber
O que é 'Eu Mesmo'

Ser eu mesmo
É aceitar eu mesmo
Aceitar oque eu digo
em silêncio
pra mim mesmo

Ser eu mesmo
É viver inquieto
A todo o tempo
A toda prova
A toda questão

Ser eu mesmo é Ser
Simples ser
E hoje sei
Estar contigo
é ser eu mesmo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Esperando por notícias suas
Por suas palavras cruas
Agarrando as ideias pelos cabelos
pra que não fujam no escuro
Que o momento dure
pra muito além da minha insônia
pra muito além dos meus imediatos desejos
querendo que se pague agora
com juros
o tempo perdido.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sofro navalhas cortantes
que arrancam da carne
mais [muito mais] que jorros sangue.

Sofro sorrisos amarelos
Risos e crenças na luz no fim de tudo
Tão verdadeiras
Quanto potes de ouro no fim do arco-íris.


Meus ouvidos
Não querem ouvir minha voz grave.
Esperam doces timbres.