sexta-feira, 22 de julho de 2011

Turbilhão

A noite chega
e o mundo para
Em meu quarto vago,
perdido entre lençois
Assito a tudo que passa
sem nada enxergar.

Enquanto tudo é cor
a névoa se mostra mais cinza
o céu mais turvo
a lua menos nítida
o escuro mais negro.

A faca numa mão
o afago noutra.
O relogio num pulso
em outro a algema.
Esperança nas palavras,
descrença nas lágrimas.
Uma passagem sob a mesa
E na cabeça, tudo!
Menos o destino.

O medo corroendo.
A fragilidade
expondo a carne.
A vida frente ao destino.
Uma cartada, um tiro.
Penalidade máxima!
Ultimo lance,
Golpe final.

domingo, 17 de julho de 2011

Angústia

A mesma moeda
com seus dois lados.
O mesmo segundo
com seus incontáveis
mundos.

Do céu ao inferno
em uma palavra.
A clareza
se embaça
em um suspiro.

Amor e ódio
se abraçam,
fundem-se.
Tornam-se iguais

Amo-te.
Odeio-te.
Ao mesmo tempo,
ao mesmo instante!

Como as duas
partes do yin-yang
Completamo-nos.
Ou com ódio
Ou com amor.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Catarina

Queria todos
os meus amigos
Todas as suas
ideias e os seus sorrisos
Do meu lado agora.

Junto com eles
gostaria de ver um filme
Onde nossas vidas
seria o tema
de cada cena.

Depois disto
eu ligaria um som
que de tão alto
toda a cidade
cantaria a nossa existência.

O mundo todo
neste momento
eu queria tocar.
E experimentar
o sabor de tudo.

Queria entorpecer
meus sentidos com
tudo oque possam me servir.
Pra que ao menos
em um segundo
eu não pense
no mistério de existir.


Só temos uma certeza na vida, a morte. E é certo que o conflito desta certeza
com a racionalidade é algo destruidor e inexplicável. A morte é algo simples,
direto e inevitável. Mas ao mesmo tempo é a coisa mais complexa, sinuosa
e apavorante que existe. Conviver com ela remete a um vazio tão louco 
que só a porra do tempo completa. A minha existência é praticamente toda
direcionada a entender e respeitar o tempo,  mas as vezes da vontade de
mandar tudo ao espaço, quebrar todos os relógios e viver em um mundo
irreal. Pois é muito mais fácil conviver com ideias do que com a vida que 
está aqui do lado do meu noteboock me esperando pra me espancar com
suas perguntas e medos! 

Neblina

Não é possível
Que as pessoas
Não saibam o caminho.
Porque não segui-lo então?
Medo? Impotência?
Falta de inteligência?
Olhos vendados?
Cabresto? 

Isto,
dificilmente 
algo explique.

Escrito com as vistas embaraçadas pela neblina de uma fumaça
densa, que sempre existiu, e que continua espalhando seu cheiro
de morte.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Anti-Herói

Não toco violão
Nem canto
serenatas
em sua janela.

Formulo teorias pífias
sem sentido
que se perdem
ao ultrapassarem
a porta de meu quarto.

Não penso
no futuro do mundo.
Nem em muda-lo
em um segundo.

Nada de sonetos métricos,
nem rimas perfeitas.
Nada de lutas e revoluções
Apenas lutas internas.

Não sou o dono do mundo
Mal sou o dono de mim
Não tenho as respostas
Mal tenho
um sorriso e um sim.