quarta-feira, 22 de maio de 2013

Alheio a tudo
Até que eu queria estar.
Não enxergar nada além
Ao fixar um ponto no olhar.

Até tento
Com bastante força
Mirar só pro meu espelho
Num lapso de egoismo sem fim
Mas meu espelho reverbera mais que meu reflexo.

Até tento
Com bastante força
Me esconder de tudo
Mas meus tijolos
São bolhas de sabão
Mas minhas correntes
são espuma de carnaval

Nessa, tento me livrar da prisão
Prisão? Meu cadafalso sou eu
Eu, prisioneiro de mim mesmo
Condenado por mim mesmo
Livre por mim mesmo.

Contraditório não? Preso por mim, livre por mim. Mas é isso ai...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O dia que não vivi

Não sonhei
Não olhei
Não senti
Não cheirei
Não chorei
Não nasci
Não morri
Não acordei
Não dormi
Não pensei
Não recebi
Não doei
Não odiei
Não amei
Não sorri
Não berrei
No dia em que não vivi
Não respirei
O tempo não existiu
Nem me mexi
Mas tudo passou tão rápido
O dia passou tão rápido
Tudo passou
passou
Sem eu ter vivido

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Perdão

Relendo um livro antigo,
presente sincero,
recebido de pessoa querida
Me dei conta que certa vez,
rasguei a página da dedicatória,
num dia desses que agente deve esquecer,
tomado por uma cólera sem fim.

Me arrependo até o último fio de cabelo
me abraça agora uma cólera ainda maior
um arrependimento insuperável
Por tentar apagar os lindos momentos vividos
Os nobres sentimentos compartilhados

Que essas breves linhas
Escancarem  toda minha vergonha
Todo o meu asco por mim mesmo
Por tentar esconder um sentimento tão belo
Que não vingou, não deu frutos, é verdade
Mas que está guardado, ali no canto escuro
Junto com todas as outras coisas proibidas
Como uma lembrança doce de um passado belo.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Beatrice

Você vive na minha imaginação
Mesmo eu não tendo imaginação
Você é fruto de mim mesmo
Mesmo que eu não seja ninguém
Você é tudo
Mesmo quando o tudo é nada
Você é minha criação
Mesmo que eu nunca tenha criado nada
Você é meu maior objetivo
Mesmo quando não tenho objetivos
Você existe!
Mesmo não existindo existência alguma.

sábado, 2 de março de 2013

Som negro da caixa vazia de minha cabeça com cheiro de álcool evaporado e sabor de abacate com limão

É um quebra-cabeças
Que se joga ao chão
Pra torná-lo a montar
Igual ao que era
Diferente do que sempre foi

Poderia ser um muro
Um teatro mágico
Um bafo de fumaça
Um porão de adrenalina e suor
Que escorre das mãos sangrentas
De tanto socar, quebrar
Arrancar a força 
O que se tem de mais íntimo.

Pode ser o que agente quer que seja...

Pra mim,
É um quebra-cabeça
Apesar do charme do clube
Da beleza da metáfora do teatro
E dos belos e convincentes discursos

Logo,
Prefiro fazer como Aureliano
Desmontar e montar o quebra-cabeças
Eternamente e a todo o tempo
Encontar no final sempre e nunca o mesmo desenho
Sempre a mesma imagem 
Nunca a mesma imagem


Resquícios da noite passada, que não deveria ter acabado, 
que ainda não acabou, que nunca vai acabar



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Oferta

Te ofereço meu braço
pra tu usar como travesseiro
Meus sonhos
pra que sirvam de alento
Minha mão
pra que use como escudo
Minha pele
pra te acalmar a raiva
Meu cabelo
pra passar o tédio
Meus olhos
pra que tu faça um espelho
Minha língua
pra saciar  a voracidade
Minha boca
que tu pare no tempo
Meu sexo
pra que alcance o exctase pontual
Meus pés
pra misturar com as poeiras dos seus
Minhas cicatrizes
pra que costures o futuro
Meu coração
pra que tu faça o que bem entender.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sendo eu mesmo

Ser eu mesmo
Difícil por si só
Por ser
Quase impossível saber
O que é 'Eu Mesmo'

Ser eu mesmo
É aceitar eu mesmo
Aceitar oque eu digo
em silêncio
pra mim mesmo

Ser eu mesmo
É viver inquieto
A todo o tempo
A toda prova
A toda questão

Ser eu mesmo é Ser
Simples ser
E hoje sei
Estar contigo
é ser eu mesmo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Esperando por notícias suas
Por suas palavras cruas
Agarrando as ideias pelos cabelos
pra que não fujam no escuro
Que o momento dure
pra muito além da minha insônia
pra muito além dos meus imediatos desejos
querendo que se pague agora
com juros
o tempo perdido.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sofro navalhas cortantes
que arrancam da carne
mais [muito mais] que jorros sangue.

Sofro sorrisos amarelos
Risos e crenças na luz no fim de tudo
Tão verdadeiras
Quanto potes de ouro no fim do arco-íris.


Meus ouvidos
Não querem ouvir minha voz grave.
Esperam doces timbres.




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Queria inventar palavras
Mas tenho medo de parecer louco
Faltam adjetivos
pra descrever os substantivos
que substituem-se
em cada ciclo do sol

Um frágil muro
protege do mal sempre combatido
Um sorriso de dentes frágeis
pintam um falso dia
fingindo um tempo
de colheitas fartas

Rouco de tanto gritar
Pra expulsar as batidas do peito
Gritando múrmuros indecifráveis

Nem tudo faz sentido
Ou faz e não percebo
Gritos surdos chegam e somem

Há sempre uma diferença
Entre que se ouve e o que se vê

Pode ser que falham
meus olhos e ouvidos
Pode ser que falha a raça humana


Dizem que em momentos tristes/revoltantes/repugnantes/esquecíveis/abomináveis 
as palavras vêm com mais fluidez, poisé...


Vomito

Noites mais arrastadas
Madrugadas mais longas
Longas horas vazias
Sono sem dormir
Pressa que não faz vir
Barulho incapaz de ouvir
Não sei se esse é o jeito certo
Pode demorar para sair
Amanhã vejo outro lugar
Noutro lugar comum
Amanhã morro noutro lugar
Num desorganizado turbilhão
Apagão mental
Catalizador mental
Tudo isso
dançando num giro do ponteiro.



domingo, 9 de dezembro de 2012

Blefe

Nesta minha pocilga de palavras
Desenho meus sonhos
Aproximo as estrelas no meu céu
Com a ilusão de controlar o tempo

Acariciando minhas lágrimas
Em meu próprio rosto
Já cansado de esperar
Já cansado de sonhar

Bravamente Creio
Não na oração
Talvez num dragão
Fantasiado de moinho

Creio,
Não sei em que
Não sei pra que
Mas me sinto estranhamente forte
Blefe??


sábado, 24 de novembro de 2012

Contradição

Do que me adianta agora
os ponteiro se acertarem
as rotas se aprumarem
e os sonhos se alinharem 

Vale alguma coisa
chutar num gol
depois do apito final?

Pra que tentar acender o fogo 
com a chuva já rolando?
Se lançar ao mar
já seco pelo ferrenho sol escaldante?

Por que regar as flores de plástico?
Mudar o curso da história?
Aceitar aos gritos
O que os sussurros não foram capazes?



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Compêndio

Olhando a noite fechada
e enxergando o nascer do sol
Num dia qualquer
Num dia distante e talvez inexistente

Tal como areia movediça
Sugam minhas energias
Todos seus olhares
Embriagam minha vil segurança
Cada tola resposta não dada

Faltam adjetivos
pra descrever os substantivos
que substituem-se
em cada ciclo do sol

Sobram dúvidas
Sobre uma ponte rompida
Sobram sonhos
Voando nas suas asas
Hoje tão próximas
Ontem vez tão distantes

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Esquina

Parado numa esquina
Olhando os transeuntes
Que vão ou não
Que param ou correm

Uma esquina
Ângulo reto
Nem tão reto
Nem tão certo

Esquina que passa
Que chega novamente
Se repete
Vem e volta
Vai e fica
Chega e some

Esquina
Chegando ao montes
A cada tic do relógio
Saindo ao berros
A cada pálpebra que se fecha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mira

Tua balança
Teu martelo
Pendem pra apenas um lado

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Na ponta do iceberg
Toda a maldade dos atos
Enquanto no fundo do mar
Outro mal é esquecido

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Se isso te faz bem
Largue-se nas minhas largas costas.
Passe o teu peso apenas pro meu lado.

E...
Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.

Olhe apenas prum lado
Pra um falso conforto
E continue
a não subir a montanha
a não aprofundar o pensar

Mire teu canhão
pro meio do peito do carrasco.
Mire...




quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Alguma coisa nenhuma

Em noites mal dormidas
Acontece o melhor da vida
E também as fotos mais belas
De risos sem razão

Alguma coisa
Ou coisa nenhuma
Grita por mim
Gruda em mim

Nos dias mal acordados
A lembrança entorpece
A realidade desanima
Mas a esperança se renova

Alguma coisa
gruda em mim
E coisa nenhuma
Altera meu rumo


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Grito surdo

A palavra não dita
por vezes se faz escrita
Assim, se perde
Não em ouvidos
mas em caracteres
impotentes

O cursor não dita o curso
Nem potencializa
um grito de revolta
Como outrora fazia

Nem ida nem vinda
Torna-se o ódio, latente
Mascara-se a dor
Cala-se as inquietudes
Num falso aconchego de luz
Num ardiloso descanso
Prostrado, incapaz



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Palavras para alguém

Eis então, o silêncio
Quebra-cabeças
das quais largo peças
aqui e aquolá.

Silêncio gritante
Som inquieto
que não deixo ultrapassar
os muros de meu consciente

Caro silêncio,
te guardo com pesar
Apesar querer
gritar-te ao mundo
Mas só a um ouvido
Deveria chegar

Caro silêncio,
me faço mudo
Mas abro meus braços a alguém
Se um dia este alguém
te escutar.

Queria, com toda as minhas vontades, te tirar daí. Nos teus olhos
vejo uma angústia que não desejaria a ninguém. Mas nesta areia
se afundas cada vez mais, e não vejo que tenho o direito de te 
'ajudar' a sair desta areia movediça. Me sinto impotente. Mas
escolher o destino de outro alguém, não é algo que posso fazer.
Gracías.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

E ponto (tipo um grito de ordem saca?!)

Sou assim e ponto
Nunca ou quase nunca
Lembro do meu sonho
Ou será que nunca lembro
do meu pesadelo?
Não sei pouco importa
nunca lembro mesmo

Nunca lembro onde ponho coisas
Por isso ponho tudo em todo lugar
Carrego tudo ou quase tudo
Pronde o pé apontar

Tenho miopia
Uso óculos de correção
Que por vez ou outra
não desembaça a visão

Vou no circo
toda quarta e domingo
Deixo minha cabeça fora
Mas levo minha goela
E abro-a constantemente
A cada vil emoção

Curto endorfina
Sou viciado nela
dependente

Dependo de poucas coisas
Depende o dia
Se está no trilho
ou se está dependurado
Ainda assim dependo de pouco
Apenas algum sopro de vento
e umas migalhas de sorriso

Vejo que há ainda
muito chão pela frente
Não sei pode ser
Ele as vezes falha
o óculos

Sei que sou assim e ponto
Ponto e vírgula talvez interrogação
Ou três juntos
Sou assim e ponto
Pronto




Eis uma pequena leitura feita por mim sobre mim mesmo depois de
anto pensar em mim estando comigo mesmo fechado em meu quarto
a vários dias olhando minha cara no meu espelho que também refletia
fotos minhas em meu tempo espaço e mundo.